Proposta do governo ameaça Universidades Federais
Nós, professores da Universidade Federal da
Bahia, reivindicamos um modelo de Universidade que favoreça o desenvolvimento
do país, o que torna necessário reestruturar a nossa carreira, melhorar as
nossas condições de trabalho e não apenas os salários. A reestruturação da
carreira visa garantir a valorização profissional, além de tornar atrativo o
exercício da docência.
A proposta de carreira apresentada pelo Governo
Dilma, após quase dois meses de paralisação, só foi anunciada porque está em
curso a maior greve já vista das universidades federais. Entretanto, é
necessário esclarecer as armadilhas desta proposta que recusamos firmemente: 1)
ela não corrige os problemas da carreira atual, além de introduzir novas
distorções e barreiras para o desenvolvimento dos professores na carreira; 2) ela
não resgata os enormes prejuízos impostos aos aposentados na última modificação
da carreira em 2006;
3) ela ameaça, com imposições de critérios para progressão na carreira, a autonomia universitária prevista
na Constituição Federal, a qual pressupõe que cada Universidade faça essas
definições respeitando as suas particularidades regionais e estruturais. Além
disso, não há qualquer proposição de melhoria para as condições de trabalho, que
se encontram degradadas após a desordenada expansão do número de vagas de
estudantes em descompasso com o número de professores e técnico-administrativos
e com a atual infraestrutura (salas de aula, bibliotecas, laboratórios).
Quanto ao salário, a proposta do Governo trará
graves perdas ao conjunto dos professores. Contando que a inflação projetada
pelo DIEESE de 2010 até 2015 deverá somar 35,55%, o reajuste de 16% a 45%
prometido em parcelas até 2015 significaria um aumento de até 12,24% para uma
minoria, enquanto muitos amargariam perdas de até 11,11%. Necessitamos de uma
proposta que efetivamente corrija distorções da carreira, bem como as perdas
salariais. Exigimos que qualquer acordo seja cumprido até 2013 e que não seja
parcelado como propõe o Governo. Valorizar a educação implica destinar recursos
financeiros que garantam condições dignas de vida e trabalho para todos os servidores
(técnico-administrativos e docentes), além de garantia aos estudantes de acesso
e permanência com qualidade, nas redes públicas municipais, estaduais e
federais.
Com a greve, pretendemos que o Governo reformule
sua política e com isso a sociedade seja beneficiada de forma mais permanente
por meio de uma universidade socialmente referenciada. A greve é um sacrifício
momentâneo para a sociedade em troca de um projeto de desenvolvimento social
sólido, o que só pode ser alcançado com uma educação responsável, realizada por
professores bem qualificados e com condições de executar o tripé essencial da
universidade: ensino, pesquisa e extensão. Extensão para aproximar-se da
sociedade e definir junto a ela suas prioridades presentes e projetos futuros,
definindo-se assim as linhas principais de pesquisa. Ao mesmo tempo,
multiplicar esses conhecimentos formando pessoal para atuar na construção de
uma sociedade mais autônoma e justa. Conclamamos a sociedade baiana a se
juntar a nós nesta luta.
Comando
de greve dos Docentes da UFBA
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