domingo, 29 de julho de 2012

POR QUE A GREVE DOS DOCENTES DA UFBA CONTINUA?


POR QUE A GREVE DOS DOCENTES DA UFBA CONTINUA?
 
Após mais de dois meses de greve dos professores das Instituições Federais de Ensino Superior, com adesão de 57 das 59 Universidades Federais, 36 dos 38 Institutos Federais, 02 Centros Tecnológicos, e o Colégio Pedro II – tendo por principal objetivo a reestruturação da carreira docente -, o Governo, no espaço de uma semana, apresentou duas propostas, divulgando para a opinião pública de forma enganosa, ganhos salariais de até 45% (primeira proposta) e de pelo menos 25% (segunda proposta). A tentativa é, claramente, de colocar a opinião pública contra a suposta “intransigência” dos professores.

O governo, em verdade, omite que a maioria dos professores terão salários menores em março de 2015, quando comparados com os salários vigentes em julho de 2010, mesmo que se considere o ínfimo reajuste de 4% concedido em março deste ano. O governo mente, e engana de novo, porque não informa à opinião pública que ambas as propostas serão implementadas ao longo de três anos. Estas propostas só favorecem os professores que atingiram o topo da carreira, e não os iniciantes.

Estarrecidos, os professores perguntam ao governo: como é possível que o salário de um professor iniciante, graduado, seja menor que o salário mínimo? A proposta do governo está aquém do que os professores querem, não apenas porque causará perdas salariais, mas principalmente porque desestruturará a carreira docente, trazendo graves consequências para a educação pública.

Em consonância com a indecente proposta do governo, uma Federação que se pretende representativa dos docentes aprovou esta última proposta, mesmo à revelia dos próprios professores. Por isso, os professores da Universidade Federal da Bahia (UFBA), reunidos em assembleia, no dia 25 de julho, vêm, por meio deste informe, tornar público que não autorizam à Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (PROIFES) a negociar em nome dos professores da UFBA. Destacam que a Assembleia dos professores da UFBA determinou que os delegados retirados em Assembleia participassem do único Comando Nacional de Greve instalado. Cumprindo decisões de Assembleia, o Comando de Greve da UFBA encaminhou delegados ao Comando Nacional de Greve que estão discutindo em conjunto com todas as Instituições Federais de Ensino Superior os encaminhamentos necessários à defesa dos interesses dos professores. A atitude do PROIFES tem sido nociva à luta dos professores, na medida em que decide em gabinete, à revelia da categoria, contrapondo-se aos processos democráticos conduzidos pelo Comando Nacional de Greve.
 
Por isso, os professores da UFBA repudiam a atitude do PROIFES, que claramente se alia ao governo para prejudicar a educação pública. Os professores não são intransigentes, já que vêm tentando negociar com o governo desde 2010 e até o momento nenhuma proposta digna foi apresentada. Eles exigem respeito pela importância de sua função educadora para a construção de uma sociedade mais autônoma e justa e lutam para que a educação seja de mais qualidade, como bem merece a população brasileira. Quem nos prejudica senão um governo que se exime da responsabilidade de reduzir a desigualdade social ao manter a saúde e a educação sucateadas? 

Docentes da UFBA em greve